Gostaria de falar rapidamente sobre a importância da devoção a Virgem Santíssima para nós cristãos, que lutamos tanto pela Castidade, para sermos fiéis a Nosso Senhor.
Sabemos que Deus, em sua infinita Sabedoria, enviou Seu Filho único ao mundo para que o mundo fosse salvo por Ele, e deixou a Igreja Católica para que Ela derramasse graças aos seus filhos.
Sabemos também que os Sacramentos foram insituídos pelo próprio Cristo e são essenciais para a vida do Cristão, especialmente os Sacramentos da Eucaristia e da Penitência (Confissão).
Pela Santíssima Eucaristia, nos unimos com Jesus Cristo, já que a Eucaristia é a Presença Real de Nosso Senhor. E pela Confissão, o "Sacramento da Misericórdia", recuperamos a graça de Deus que perdemos pelo pecado mortal.
Mas Jesus nos prometeu que não ficaríamos órfãos, após sua Ascenção ao Céu. Deixou o Espírito Santo Paráclito em Pentecostes para guiar a Santa Igreja de Deus, e mais ainda: Deixou a Virgem Maria, Sua santíssima Mãe, para ser a nossa Mãe, quando disse na Cruz: "Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua Mãe" (São João 19, 25-27).
Logo, a única coisa que devemos fazer é obedecer a Jesus e fazer o mesmo que São João Evangelista fez: "E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" (São João 19, 27).
Por isso, além da Santa Missa e da Confissão, Jesus sabia que precisaríamos de Maria. Por isso, para não restar dúvidas, Ele mesmo nos consagrou a Ela. Foi como um "testamento", selado pelo seu próprio Sangue preciosíssimo.
Logo, para essa luta espiritual e para sermos vitoriosos na Castidade, precisamos da Santa Missa, da Santa Comunhão, da Confissão, da Oração e também... Da devoção a Nossa Senhora!
A devoção a Nossa Senhora "é uma arma de salvação que Deus dá para aquele que quer salvar", já dizia São João Damasceno. E os Santos sempre tiveram uma verdadeira Devoção a Mãe de Deus.
São Luís Maria Grignion de Montfort afirma que há 3 espécies de Verdadeira Devoção a Virgem e outros 7 tipos de falsa devoção (que devemos sempre evitar!).
- A primeira delas é a devoção sem prática especial, que "consiste em cumprir os deveres de cristão, evitando o pecado mortal, agindo mais por amor que por temor, invocando de quando em vez a Santa Virgem e honrando-a como Mãe de Deus, sem, no entanto, nenhuma devoção especial para com Ela"
- A segunda é a devoção incluindo práticas particulares, que "consiste, em ter para com a Santa Virgem sentimentos mais perfeitos de estima, de amor, de confiança e de veneração. Leva a entrar em confrarias do santo Rosário, do Escapulário, a recitar o Terço e o santo Rosário, a honrar suas imagens e seus altares , em publicar seus louvores e alistar-se em suas congregações. E essa devoção, excluindo o pecado, é boa, santa e louvável; mas não é tão perfeita e tão capaz de desapegar as almas das criaturas e de as desprender de si própria para uni-las a Jesus Cristo"
- E a terceira é a devoção perfeita: a da Santa Escravidão de amor, que "é conhecida e praticada por muito poucas pessoas".
Por isso, peço que leiam este texto sobre a Santa Escravidão de Amor (está logo abaixo). Fala sobre o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, um livro belíssimo de São Luís Maria Grignion de Montfort. Ele afirma que não devemos ser apenas servos mercenários de Jesus Cristo, mas sim, Escravos de Amor. E para melhor sermos escravos de Jesus Cristo, devemos os ser pelas mãos virginais de Maria... Não é de fato, uma Perfeita Devoção a Nossa Mãe Rainha?
Eu sou Escravo de Jesus pelas mãos de Maria, pelo método preconizado por São Luís Montfort desde 1º de janeiro de 2009 (Solenidade de Maria, Mãe de Deus) e posso dizer que apesar de pecador que sou, nossa Mãe tem me concedido grandes graças em minha caminhada espiritual. Vejo que Ela só quer me conduzir a Seu Filho Jesus.
Não deixe de ler o Tratado e reflita sobre a Consagração! Peço também que rezem por mim.
Imaculado Coração de Maria, sede nossa Salvação!
Paz de Jesus e Amor de Maria!
Jorge Bahia Cezar Filho
Discípulo da Mãe de Deus
(Salvador/ Bahia)
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem Maria ( ARTIGO PRIMEIRO )
SOBRE A GRANDEZA DE NOSSA SENHORA
14 – Com toda a Igreja confesso que Maria, não sendo mais que uma simples criatura saída das mãos do Altíssimo, é menor que um átono, ou antes, não é nada em comparação com a sua Majestade infinita, visto que só Deus é “aquele que é”(Ex. 3,14). Por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não teve nem tem absoluta necessidade da Santíssima Virgem para o cumprimento dos seus desígnios e para a manifestação da sua glória. Basta lhe querer para tudo fazer.
15 – No entanto, supostas as coisas como são, tendo Deus querido começar e acabar as suas maiores obras pela Virgem santíssima depois de a formar, digo que é de crer que não mudará de procedimento em todos os séculos. Ele é Deus e não muda nem nos seus sentimentos nem na sua conduta.
16 – Deus Pai não deu ao mundo o seu Unigênito senão por Maria. Por mais ardentes que fossem os suspiros dos patriarcas e as súplicas que durante quatro mil anos lhe fizeram os profetas e os santos da Antiga Lei para obterem esse tesouro, só Maria o mereceu. Só Ela encontrou graça diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza das suas virtudes. Diz Santo Agostinho que, não sendo o mundo digno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, este o deu a Maria, para que os homens o recebessem por Ela. O Filho de Deus fez-se homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido o consentimento por um dos primeiros ministros da sua corte.
17 – Seus pai, para dar a Maria o poder de produzir o seu Filho e todos os membros do seu Corpo Místico, comunicou-lhe a sua fecundidade, na medida em que uma simples criatura a podia receber.
18 – Como o novo Adão ao seu paraíso terrestre, assim desceu Deus Filho ao seio virginal de Maria para aí achar as suas delícias e operar, às escondidas, maravilhas de graça. O Deus feito homem encontrou a sua liberdade em se ver aprisionado no seio dela; fez brilhar a sua força, deixando-se levar por essa jovem virgem. Achou a sua glória e a de seu Pai, escondendo os seus esplendores a todas as criaturas da terra, para só os revelar a Maria; glorificou a sua independência e majestade, dependendo desta amável virgem na sua concepção, nascimento, apresentação no templo, na sua vida oculta de trinta anos e, até, na sua morte. Maria devia assistir a essa morte, porque Jesus quis oferecer com ela um mesmo sacrifício e ser imolado à vontade de Deus pelo consentimento de Abraão. Foi Ela que o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós... Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus! Nem o Espírito Santo a pôde ocultar no Evangelho para nos mostra o seu valor e glória infinita, embora tenha escondido quase todas as maravilhas operadas pela Sabedoria encarnada durante a sua vida oculta. Jesus Cristo deu mais glória a Deus Pai pela sua submissão a Maria durante trinta anos do que lhe teria dado se convertesse toda a terra operando os maiores prodígios. Oh! Quão altamente glorificamos a Deus, quando nos submetemos, para lhe agradar, à Virgem Santíssima, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo!
19 – Se examinarmos de perto o resto da vida de Jesus, veremos que Ele quis iniciar os seus milagres por Maria. Santificou São João no seio de sua mãe, Santa Isabel, pela palavra de Maria. Logo que Ela falou, João ficou santificado; e este foi o primeiro milagre de Jesus na ordem da graça. Nas bodas de Caná, Jesus mudou a água em vinho, atendendo ao humilde pedido de sua Mãe; e este foi o seu primeiro milagre na ordem natural. Começou e continuou os seus milagres por Maria; por Ela os continuará até ao fim dos séculos.
20 – Sendo o Espírito Santo estéril em Deus, isto é, não produzindo nenhuma outra Pessoa divina, tornou-se fecundo por Maria, a quem desposou. Foi com Ela e nela e dela que formou a sua obra prima: um Deus feito homem, e que forma todos os dias até ao fim dos séculos, os predestinados e os membros do corpo que tem por cabeça o adorável Jesus. É por isso que, quando mais numa alma Ele encontra Maria, sua amada e inseparável esposa, tanto mais operante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa alma e essa alma em Jesus Cristo.
21 – Não se quer dizer com isto que a Santíssima Virgem dê ao Espírito Santo a fecundidade, como se Ele a não tivesse. Ele é Deus e, por isso, possui a fecundidade (ou a capacidade de produzir) tal como o Pai e o Filho, embora a não transforme em ato, produzindo outra pessoa divina. O que se quer dizer é que o Espírito Santo reduz a ato a sua fecundidade por intermédio da Santíssima Virgem. Mas o Espírito Santo quer servir-se dela, embora disso não tenha uma necessidade absoluta, para produzir nela e por Ela Jesus Cristo e os seus membros. Mistério de graça, escondido mesmo aos cristãos mais sábios e mais espirituais!
22 – O procedimento que as três Pessoas da Santíssima Trindade tiveram na Encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, têm-no ainda todos os dias, duma maneira invisível, na Santa Igreja, e tê-lo-ão até à consumação dos séculos, na última vinda de Jesus Cristo.
23 – Deus Pai juntou todas as águas, e chamou-lhes mar; juntou todas as suas graças, e chamou-lhes Maria. Este grande Deus tem um tesouro ou celeiro riquíssimo, onde encerrou tudo o que tem de belo, de resplandecente, de raro e precioso, incluindo o seu próprio Filho. E este tesouro imenso não é outro a não ser Maria, a quem os santos chamam o tesouro do senhor, de cuja plenitude os homens são enriquecidos.
24 – Deus Filho comunicou a sua Mãe tudo o que adquiriu pela sua vida e morte, os seus méritos infinitos e as suas admiráveis virtudes. Fê-la tesoureira de tudo o que o Pai lhe deu como herança. E assim é por meio de Maria que aplica os seus méritos aos seus membros, que comunica as suas virtudes e distribui as suas graças. Ela é o seu canal misterioso, o seu aqueduto, Poe onde faz passar, suave e abundantemente, as suas misericórdias.
25 – Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, os seus dons inefáveis, e escolheu-a para dispensadora de tudo quanto possui. Deste modo, Ela distribui a quem quer, quanto quer, como e quando quer todos os seus dons e graças, e nenhum dom celeste é concedido aos homens sem que passe por suas mãos virginais. Porque tal é a vontade de Deus, que quis que tudo recebamos por Maria. Desta forma é enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, Aquela que durante toda a vida se fez pobre, se humilhou e escondeu até ao mais profundo nada, em sua extrema humildade. São estes os sentimentos da Igreja e dos santos Padres (Ver também os nºs 141-142).
26 – Se eu falasse para os espíritos fortes da nossa época, estender-me-ia a provar mais vastamente tudo o que estou a expor dum modo simples, por meio da Sagrada Escritura, dos Santos Padres – de quem citaria as passagens latinas -, e por meio de muitas sólidas razões que se poderão ler, amplamente expostas pelo Rvº Padre Poiré, na sua “Tríplice Coroa da Santíssima Virgem”. Mas falo particularmente para os pobres e simples que, tendo maior boa vontade e mais fé que o comum dos sábios, crêem mais simplesmente e com mais mérito. Por isso contento-me com declarar-lhes simplesmente a verdade, sem me deter com a citação de todas essas passagens latinas, que não compreendem, Não deixarei, no entanto, de citar algumas sem todavia me esforçar por procura-las. Continuemos.
27 – Visto que a graça aperfeiçoa a natureza e a glória aperfeiçoa a graça, é certo que nosso senhor, no céu, é ainda tão filho de Maria como o foi na terra. Conservou, portanto, a submissão e a obediência do mais perfeito de todos os filhos para com Maria, a melhor das mães. Cuidemos, porém, de não ver nesta dependência rebaixamento algum de Jesus Cristo ou alguma imperfeição. Maria, estando infinitamente abaixo de seu Filho, que é Deus, não se lhe impõe como uma mãe da terra o faz a seu filho, que lhe é inferior. Maria está toda transformada em Deus pela graça e pela glória, a qual transforma nele todos os santos. Por isso não pede, não quer, não faz nada que seja contrário à eterna e imutável vontade de Deus. Quando, pois, se lê nos escritos de São Bernardo, São Bernardino, São Boaventura etc., que no céu e na terra tudo está sujeito a Maria, até o próprio Deus, deve apenas entender-se que a autoridade que Deus lhe quis conceder é tão grande, que parece igual o poder divino, e que as suas orações e súplicas são tão poderosas junto de Deus, que equivalem sempre a ordens junto da sua majestade. Ele não resiste nunca à oração de sua dileta Mãe, porque é sempre humilde e conforme à sua vontade... Moisés deteve tão poderosamente a cólera de Deus contra os Israelitas pela força da sua oração, que este altíssimo e infinitamente misericordioso Senhor não lhe podendo resistir, lhe pediu que o deixasse encolerizar e castigar aquele povo rebelde. O que então não devemos pensar, com muito mais razão, da humilde oração de Maria, mais poderosa junto de Deus que as preces e as intercessões de todos os anjos e santos do céu e da terra?!
28 – No céu, Maria impera aos anjos e aos bem-aventurados. Como recompensa da sua profunda humildade, deu-lhe Deus o poder e o encargo de encher de santos os tronos debaixos vazios pela orgulhosa queda dos anjos apóstatas. É vontade do Altíssimo, que exalta os humildes, que o céu, a terra, condutora dos seus exércitos, guarda dos seus tesouros, dispensadoras das suas graças, obreira das suas grandes maravilhas, reparadoras do gênero humano, medianeira dos homens, vencedora dos inimigos de Deus e fiel companheira de suas grandezas e triunfos.
29 – Deus Pai quer formar filhos por Maria, até à consumação do mundo, e diz-lhe estas palavras: “In Jacob inhabita – Habita em Jacó” Isto quer dizer: fase a tua morada e habitação entre os meus filhos e predestinados, figurados por Jacó, e não entre os filhos do demônio e os réprobos, figurados por Esaú.
30 – Como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, assim também na geração sobrenatural e espiritual há um pai, que é Deus, e uma mãe, que é Maria. Todos os verdadeiros filhos de Deus e predestinados têm a Deus por pai e a Maria por mãe; e quem a não tem por mãe, não tem Deus por pai. Eis porque os réprobos, como os heréticos, os cismáticos, etc., que odeiam ou olham com desprezo ou com indiferença a Santíssima Virgem, não tem Deus por pai, ainda que disto se gloriem, porque não têm Maria por mãe. Pois se a tivessem por mãe, honrá-la-iam e amá-la-iam como um verdadeiro e bom filho ama e honra naturalmente sua mãe, que lhe deu a vida. O sinal mais infalível e indubitável para distinguir um herético, um homem de má doutrina, um réprobo de um predestinado, é que o herético e o réprobo não têm senão desprezo ou indiferença pela Santíssima Virgem. Com suas palavras e exemplos, abertamente ou às ocultas, esforçam-se por lhe diminuir o culto e o amor, e isso por vezes sob belos pretextos. Ah! Deus Pai não disse a Maria para habitar com eles, porque são Esaús.
31 – Deus Filho quer ser formado e, por assim dizer, encarnar todos os dias por intermédio de sua muito amada Mãe, nos seus membros, e diz-lhe: “In Israel hereditare – recebei Israel por herança.” É como se dissesse: Meu Pai deu-me por herança todas as nações da terra, todos os homens, bons e maus, predestinados e réprobos. Conduzirei uns com vara de ouro e outros com vara de ferro. Serei pai e advogado de uns, justo vingador de outros e juiz de todos. Mas Vós, minha Mãe, não tereis por herança e posse senão os predestinados, de quem Israel é figura. Como sua boa mãe os dareis à luz, os alimentareis e educareis; como sua soberana os conduzireis, governareis e defendereis.
32 – “Homo et homo natus est in ea – Um homem e um homem nasceu dela”, diz o Espírito Santo. Segundo a explicação de alguns santos Padres, o primeiro homem que nasceu de Maria foi o Homem-Deus, Jesus Cristo; o segundo são os homens, filhos de Deus e de Maria por doação. Se Jesus Cristo, cabeça dos homens, nasceu dela, todos os predestinado, membros desta cabeça, também dela devem nascer, por uma conseqüência necessária. A mesma mãe não pode dar à luz a cabeça ou o chefe sem os membros, nem os membros sem a cabeça: do contrário, seria uma monstruosidade da natureza. Do mesmo modo, na ordem da graça, a cabeça e os membros nascem também duma só mãe. Se um membro do corpo místico de Jesus Cristo, quer dizer, predestinado, nascesse de outra mãe que não Maria, que gerou a Cabeça, não seria um predestinados nem um membro de Jesus Cristo, mas sim um monstro na ordem da graça.
33 – Além disso, Jesus Cristo é hoje, como aliás sempre, o fruto de Maria, com o céu e a terra lho repetem mil e mil vezes por dia:”... e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.” Por isso é certo que Jesus Cristo é tão realmente o fruto e a obra de Maria para cada homem em particular, que o possui, como para todo o mundo em geral. De maneira que, se algum fiel tem Jesus Cristo formado no seu coração, pode dizer ousadamente: “Graças a Maria! O que eu possuo é fruto e obra sua, e sem Ela não o teria.” Podem aplicar-se à Santíssima Virgem, com mais verdade ainda do que são Paulo as aplicava a si próprio, estas palavras:’Filhinhos meus, por quem eu sinto de novo as dores do parto, até que Cristo se forme em vós (Gal. 4,19 e Ef. 4,13. Citado em latim por São Montfort.). – Eu dou à luz, cada dia, os filhos de Deus, até que Jesus Cristo, meu Filho, neles seja formado em toda a plenitude da sua idade -. Santo Agostinho, ultrapassando-se a si mesmo e a tudo o que eu acabo de dizer, afirma que os predestinados, para se tornarem conformes à imagem do Filho de Deus, vivem neste mundo são guardados, alimentados, sustentados e criados por esta boa Mãe, até que Ela os gere para a glória depois da morte. Este é propriamente o dia do seu nascimento, como a Igreja chama à morte dos justos. O mistério de graça, escondido aos réprobos e tão pouco conhecido pelos eleitos!
34 – Deus Espírito Santo quer formar nela e por Ela eleitos e diz:”Lança raízes entre os meus escolhidos”.- Ó minha bem-amada e minha esposa, lança as raízes de todas as tuas virtudes nos meus eleitos, a fim de que eles cresçam de virtude em virtude e de graça em graça. Tive tanta complacência em ti, quando vivias na terra, praticando as mais sublimes virtudes, que deixes de estar no céu. Reproduze-te, para isso, nos meus eleitos: que Eu possa ver neles, com agrado, as raízes da tua fé invencível, da tua humildade profunda, da tua mortificação universal, da tua oração sublime e ardente caridade, da tua firme esperança e de todas as tuas virtudes. Tu continuas a ser a minha esposa tão fiel, tão pura e tão fecunda como nunca. Que a tua fé me dê fiéis; dê-me virgens a tua pureza, e a tua fecundidade eleitos e templos.
35 – Depois de Maria lançar as suas raízes numa alma, opera nela maravilha de graça que só Ela pode produzir, pois só Ela é a Virgem fecunda que tem sido e será sempre sem igual em pureza e fecundidade... Maria produz, com o Espírito Santo, a maior maravilha de quantas existiram ou existirão: o Homem-Deus. Produzirá ainda, conseqüentemente as coisas mais admiráveis que hão de existir nos últimos tempos. A formação e educação dos grandes santos, que hão de vir no fim do mundo, estão-lhe reservados, pois só esta Virgem singular e miraculosa pode produzir, em união com o espírito santo, coisas singulares e extraordinárias.
36 – Tendo-a encontrado numa alma, o Espírito Santo, seu Esposo, voa para lá, entra plenamente e comunica-se a essa alma abundantemente e na mesma medida em que Ela dá lugar a Maria. Uma das grandes razões por que o Espírito Santo não opera agora maravilhas retumbantes nas almas é que não encontra nelas uma união bastante íntima com a sua fiel e indissolúvel esposa. Digo indissolúvel esposa porque desde que este amor substancial do Pai e do Filho desposou Maria para produzir Jesus Cristo, Cabeça dos eleitos, e Jesus Cristo nos eleitos, nunca mais a repudiou, porque Ela foi sempre fiel e fecunda.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Primeira Parte (do Tratado) – A Devoção à Santíssima Virgem é necessária
Capítulo Primeiro – Esta Devoção é-nos necessária por causa da sublime grandeza que Deus deu a Maria.
INTRODUÇÃO
1 – Foi pela Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo.
2 – Durante a vida, Maria permaneceu muito oculta. É por isso que o Espírito Santo e a Igreja lhe chamam ALMA MATER, Mãe escondida e secreta. A sua humildade foi tão profunda, que não teve na terra atrativo mais poderoso nem mais poderoso nem mais contínuo que o de se esconder a si mesma e a toda a criatura, para que só Deus a conhecesse.
3 – A fim de atender aos pedidos que Ela lhe fez, para que a ocultasse, empobrecesse e humilhasse, aprouve a Deus, oculta-la na sua conceição e nascimento, na sua vida, mistérios, ressurreição e assunção, aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios pais não a conheciam, e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: “Quae est ista? Quem é esta?,” porque o Altíssimo lha escondia ou, se alguma coisa lhes revelava a seu respeito, infinitamente mais lhes ocultava.
4 – Deus Pai consentiu em que Ela não fizesse milagres em vida, pelo menos manifestos, embora lhe tivesse dado poder para isso. Deus Filho permitiu que quase não falasse, embora tendo-lhe comunicado a sua sabedoria. Deus Espírito deixou que os seus Apóstolos e Evangelistas falassem muito pouco sobre Ela, apenas o necessário para dar a conhecer Jesus cristo, apesar de Ela ser a sua esposa fiel.
5 – Maria é a obra-pima por excelência do Altíssimo, cuja posse e conhecimento Ele reservou para si (S. bernardino de Sena: Sermo 51, art.1, cap.1). ”Maria é a Mãe admirável do Filho o qual quis humilhá-la e esconde-la durante a vida para favorecer a sua humildade. Par este fim tratava-a pelo nome de “mulher”(João 2,4 e 19,26), como a uma estranha, embora no seu coração a estimasse mais do que a todos os anjos e a todos os homens. Maria é a Fonte Selada (Cfr. Cântico 4,12) e a esposa do Espírito Santo, onde só Ele tem entrada. Maria é o santuário e o repouso da Santíssima Trindade, onde Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem executar a sua morada acima dos querubins e serafins. Neste santuário nenhuma criatura, por mais pura que seja, pode entrar a não ser por grande privilégio.
6 – Digo com os santos: a divina Maria (Comentário: “a divina Maria” é uma tradução literal duma expressão francesa que significa: Maria Santíssima) é o paraíso terrestre do novo Adão, onde Ele encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. É o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência do Altíssimo,onde ele escondeu, como em seu seio, o seu Filho único e nele tudo o que há de mais excelente e precioso. Que grandes e misteriosas coisas fez o Deus onipotente nesta admirável criatura, segundo Ela própria é forçada a dizer, a respeito da sua profunda humildade: “Fecit mihi magna qui potens est – O Poderoso fez em mim grandes coisas!”(Lucas 1,49). O mundo não conhece estas maravilhas, porque é incapaz e indigno disso.
7 – Os santos disseram coisas admiráveis desta santa cidade de Deus. E, segundo o seu próprio testemunho, nuca foram tão eloqüentes nem tão felizes como quando nela falavam. E depois disto exclamam que a sublimidade dos seus méritos, que chegam até ao trono da Divindade, não se pode perceber; que a extensão da sua caridade, maior que a terra, não se pode medir; que a grandeza do seu poder, que até sobre Deus se estende (Veja os nº 27 e 37), não se pode compreender e, finalmente, que a profundeza da sua humildade e de todas as suas virtudes e graças é um abismo insondável. Ó sublimidade incomensurável! Ó abismo impenetrável.
8 – Todos os dias, de um extremo a outro da terra, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo proclama e publica a admirável Virgem Maria. Os nove coros dos anjos, os homens de ambos os sexos, idades, condições ou religiões, os bons e os maus, e até mesmo os demônios, são forçados a chamá-la bem aventurada. Quer queiram, quer não, a isso os obriga a forçada verdade. Como diz São Boaventura, todos os anjos lhe cantam no céu incessantemente: “Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo – Santa, santa, santa Maria, Mãe de Deus e Virgem”(S. Boaventura: Psalter majus B. V., Hymn. Intar Hymni Ambrosiani). E, todos os dias, lhe oferecem milhões e milhões de vezes a saudação angélica: “Ave, Maria etc.”, prostando-se na sua presença e pedindo-lhe a mercê de os honrar com algumas das suas ordens. O próprio São Miguel, embora seja o príncipe de toda a corte celeste, é o mais diligente em lhe prestar toda espécie de homenagens e em fazer com que lhas tributem. Constantemente aguarda a honra de por Ela ser mandado em auxílio a alguns dos seus servos.
9 – Toda a terra está cheia da sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam por tutelar e protetora em muitos reinos, províncias, dioceses e cidades. Quantas catedrais consagradas a Deus sob a sua invocação! Não há igreja sem um altar em sua honra, religião ou nação sem alguma de suas miraculosas imagens, ante as quais toda espécie de males são curados e se alcança toda espécie de bens. Quantas confrarias e congregações em sua honra! Quantos institutos religiosos colocados sob o seu nome e proteção! Quantos confrades e irmãs daquelas confrarias, quantos religiosos e religiosas de todos estes institutos publicam os seus louvores e anunciam as suas misericórdias! Não há criancinha que, balbuciando a Ave Maria, a não louve. Não há pecador, por mais empedernido, que não tenha, ao menos, uma centelha de confiança nela. Não há até demônio algum no inferno que, temendo-a, a não respeite.
10 – Depois disto, forçoso é dizer com os santos: “De Maria numquam satis...”, isto é, Maria não foi ainda suficientemente louvada e exaltada, honrada, amada e servida. Merece ainda muito maior louvor, respeito, amor e serviço.
11 – Por isso, devemos dizer com o Espírito Santo: “Omnis gloria ejus filiae Regis ab intus – Toda a glória da Filha do Rei lhe vem do interior”(Sl.44,14). E como se toda a glória exterior que o céu e aterra lhe tributam à porfia, não fosse nada em comparação com a que recebe interiormente do Criador! As pequenas criaturas desconhecem essa glória por não poderem penetrar no mais íntimo segredo do Rei.
12 – Depois de tudo isto, temos de exclamar com o Apóstolo:”Nec oculus vidit, nec auris audivit, nec in cor hominis ascendit (1 Cor. 2,9). – Nem os olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as gtrandezas e a excelência de Maria, o mais sublime milagre da graça, da natureza e da gloria. Se quereis compreender a Mãe, diz um santo (S. Euquério), procurai compreender o Filho. Ela é digna de Mãe de Deus: “Hic teceat omnis língua. – Que toda a língua aqui emudeça.”
13 – Foi o meu coração que ditou o que acabo de escrever com particular alegria, a fim de mostrar como Maria Santíssima tem sido insuficientemente conhecida até agora e como è esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. Se é certo que o conhecimento e o reino de Jesus Cristo se estabelecerá no mundo, não será mais que uma conseqüência necessária do conhecimento do Reino da Santíssima Virgem Maria. Ela deu Jesus Cristo ao mundo a primeira vez, e há de faze-lo resplandecer também segunda vez.
Assinar:
Postagens (Atom)