sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ser um consagrado

           Consagrar significa tornar sagrado, oferecer a Deus ou aos santos por culto ou voto, converter pão e vinho em corpo e sangue de Cristo, dedicar-se... (PRIBERAM, 2011). Ser um consagrado é então ser “separado” para Deus, pertencer somente a Ele, ser propriedade Sua.
          A nossa primeira consagração se dá no Batismo, que se constitui no nascimento para a vida nova em Cristo (CIC 1227). De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, o Sacramento do Batismo imprime na alma um sinal espiritual indelével, o caráter, que consagra o batizado ao culto da religião cristã (CIC 1280).
            Apoiando-se na doutrina da nossa Santa Igreja, São Luís Maria G. de Montfort nos ensina que no Batismo renunciamos solenemente, pela própria boca ou pelas de nossos padrinhos e madrinhas, a Satanás, às suas pompas e às suas obras, tomamos a Jesus Cristo por Mestre e Soberano Senhor, a fim de depender d’Ele na qualidade de escravos (TVD, art. 126).
          Nesse sentido, a consagração a Jesus por Maria Santíssima ensinada por esse santo apóstolo da Virgem Maria, vem a ser uma perfeita renovação das promessas do Santo Batismo. De modo que, de livre vontade sem intermediários, damo-nos expressamente a Nosso Senhor pelas mãos de Maria, e consagramos-lhes o valor de todas as nossas ações, renunciando novamente ao demônio, ao mundo, ao pecado e até a nós mesmos, dando-lhes o direito pleno e inteiro de dispor de nós e de tudo o que nos pertence.
         A oferta de nós mesmos por meio de Maria Santíssima nos faz descobrir o segredo de santidade revelado por esse santo escravo de amor, que é a imitação do próprio Cristo, Aquele que sendo Rei quis tornar-se escravo, encontrando Sua liberdade em se ver aprisionado e dependente no Seio da Puríssima Virgem. Ao encontro desse pensamento, Pe. Júlio Lombaerde assinala:

Jesus como homem, era servo e escravo de seu Pai. Para sermos servos de Deus queremos unir-nos a Jesus servo. E para viver mais unidos a Jesus, vamos a Maria, colocamo-nos sob sua dependência. Não é isso praticar a união com Jesus em toda a sua perfeição? [...] Este meio é, pois, seguro... o mais seguro, visto ser o escolhido por Jesus. Digamos, portanto, corajosamente: - o melhor meio de pertencermos a Jesus Cristo, nosso fim, é pertencermos sem reserva a Maria, sua Mãe, que é o meio estabelecido por Ele (LOMBAERDE, 1961).

         Sendo a Virgem Maria a Obra Prima de Deus Pai, podemos dizer com todos os santos, que Ela é o modelo pronto e acabado de toda a virtude, o Tesouro onde Deus Pai encerrou tudo o que tem de belo, de resplandecente, de raro e precioso; Onde Deus Filho depositou Seus méritos infinitos e Suas admiráveis virtudes; Ela, a quem Deus Espírito Santo comunicou Seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo quanto possui (TVD, cap. I); A via perfeita e imaculada que o próprio Cristo escolheu para vir até nós!
         Consagrar-se é, portanto, reconhecer que pertencemos ao Senhor, que fomos criados por Ele e para Ele é que devemos viver. É ainda, reconhecer a nossa fraqueza e total dependência dos cuidados d’Aquela que foi escolhida para nutrir e formar o próprio Deus feito Homem.
           Ser um consagrado é então, despojar-se do homem velho e da mulher velha e doar-se sem reservas ao serviço do Reino da Augustíssima Mãe do Senhor, preparando o Reino de Seu Filho Jesus. Todavia, não nos apoiamos em nossas próprias forças, mas deixamos que Essa Boa Mãe retire de nós tudo aquilo que desagrada a Deus: amor próprio, inveja, vaidade, sensualidade, avareza, egoísmo, apego aos bens materiais e as pessoas, etc. Em troca, Ela implantará em nossa alma a Sua profunda humildade, a Sua pureza divina, a Sua caridade ardente, o Seu amor à pobreza, e todas as Suas incontáveis virtudes.
              Isso se dá porque quanto mais pertencemos à Virgem Fiel, por meio da prática da nossa consagração, mas Ela se dá a nós e opera maravilhas de graças em nossa alma: “Como a alma que se consagrou é toda de Maria, também Maria é toda d’Ela” (TVD, art. 144). Ser um consagrado é finalmente lançar-nos na Forma Perfeita de Deus, a Virgem Imaculada, e deixar-nos formar por Ela, de tal modo que seremos rapidamente formados e moldados em Jesus Cristo e Jesus Cristo e nós!

CONSAGRA-TE!


REFERÊNCIAS:

CATECISMO da Igreja Católica: edição típica vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
LOMBAERDE, Pe. Júlio Maria de. O Segredo da Verdadeira Devoção para com a Santíssima Virgem, segundo São Luís Maria Grignion de Montfort. Anápolis, Go: Ed. Santo Tomás, Arca de Maria, Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2005.
MONTFORT, São Luís Maria Grignion. Tratado da verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis, Go: Ed. Popular do Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2007.
PRIBERAM Dicionário da Língua Portuguesa Online. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx>. Acesso em: janeiro de 2011.





 Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Consagração: a busca da santidade por meio da Santa Escravidão de Amor


           Ser um escravo de amor da Virgem Santa é a via perfeita que o próprio Deus indica aqueles que querem ser santos, dessa forma, a Santa Escravidão de Amor é o meio mais fácil, mais curto, perfeito e reto de se conseguir a união com Deus. Mas, o que os leva então a atingir a santidade? Eis a resposta do próprio Senhor: “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). A união à Cristo e a perfeita imitação de Suas virtudes nos conduzem pelo caminho de perfeição e santidade. Por isso, quanto mais estivermos unidos ao Senhor Jesus, mais seremos transfigurados por Sua graça, formados à Sua imagem e semelhança, cumprindo de forma plena o que nos foi designado por Deus (Gn 1,26) na criação do mundo.
 Tomando como premissa o desejo do próprio Deus, São Luís Maria G. de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção (art., 120), desenvolve o principal e persuasivo argumento sobre a Verdadeira Devoção à Virgem Maria:

Toda a nossa perfeição consiste em sermos conformes a Jesus Cristo, em nos unirmos e consagrarmos a Ele. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é, indubitavelmente, aquela que nos conforma, nos une e nos consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Ora, de todas as criaturas, Maria é a mais conforme a Ele. Por conseguinte, a Devoção que, dentre todas as demais, melhor consagra e assemelha uma alma a Nosso Senhor é a Devoção à Santíssima Virgem, Sua Santa Mãe. E quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais o será a Jesus Cristo. É por isso que a perfeita e inteira consagração a Jesus Cristo não é mais que uma perfeita e inteira consagração da alma à Santíssima Virgem.

           Complementando o pensamento de Montfort, Pe. Júlio Lombaerde (1961, p. 115) acrescenta expondo mais dois argumentos que nos levam a essa consagração à Santíssima Virgem, são eles:
Prova doutrinal: baseia-se no princípio de que a Santa Escravidão é uma renovação das promessas do Santo Batismo. Todos aqueles que são batizados deveriam ter o interesse de renovar as obrigações contraídas;
Prova de autoridade: o exemplo dos santos, e em particular São Luís Maria G. de Montfort, que por fazer conhecer essa Devoção levou grande número de pecadores à conversão.
         Desse modo, chegamos ao entendimento que a Santa Escravidão de Amor ou a Consagração à Jesus por Maria Santíssima, além de ser um instrumento de conversão dos pecadores, é o auxílio mais eficaz para se progredir na virtude, em busca vida da perfeição cristã. Faz-se necessário saber ainda, que é nessa perseverança e busca de uma vida virtuosa, tendo à Virgem Maria como modelo, que se cumprem os maravilhosos efeitos desta consagração e a união total e perfeita a Jesus Cristo.
              Terminamos essa reflexão, repetindo as palavras do Pe. Júlio Lombaerde: “A Virgem Maria é, portanto, nosso grande meio de união com Jesus Cristo; meio entre todos o mais eficaz, o mais apto para atingir o nosso fim, pois que escolhido pelo próprio Filho de Deus” ( p. 148).

Referências:
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Anápolis, 2002.
LOMBAERDE, Pe. Júlio Maria. O Segredo da Verdadeira Devoção para com a Santíssima Virgem segundo São Luis Maria Grignion de Montfort. Caratinga, 1961.




 Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.