“É mais perfeito, porque mais humilde, não nos aproximarmos diretamente de Deus, mas servimo-nos de um mediador” (TVD, art. 83). É essa, pois a quarta verdade apresentada por São Luís Maria G. de Montfort, ao nos convencer dos imensuráveis benefícios que alcançamos de Deus por meio da nossa entrega total a Ele na santa escravidão de amor.
O grande apóstolo da Virgem Maria e da Cruz nos mostra que pedir a intercessão ou o auxílio da Mãe do Senhor é, antes de tudo, um sinal de profunda humildade e reconhecimento de que somos imensamente indignos de nos aproximarmos por nós mesmos da Majestade Suprema que é o próprio Deus feito carne no ventre santo da Puríssima Virgem.
O que diz esse grande santo está, portanto em perfeita comunhão com o que é defendido pela nossa Santa Igreja na Constituição Dogmática Lumen Gentium (art. 60):
É um só o Mediador, segundo as palavras do Apóstolo: “Porque há um só Deus, também há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, verdadeiro homem, que se ofereceu em resgate por todos” (1 Tm 2, 5-6). A função maternal de Maria para com os homens, de nenhum modo obscurece ou diminui esta mediação única de Cristo, antes mostra qual a sua eficácia.
É justamente partindo desse entendimento, que Montfort nos ensina sobre a importância da mediação de Nossa Senhora, afirmando ser Ela a pessoa mais capaz de desempenhar esta função caridosa, visto que foi por Ela que nos veio Jesus Cristo e é por Ela que devemos ir a Ele (Cf. TVD, art. 85).
Nosso Senhor nos diz: “ninguém vai ao Pai se não por mim” (Cf. Jo 14,6). Ora, se para irmos até Deus Pai necessitamos de um Mediador, será que podemos aproximar-nos de Jesus, que é Deus em tudo igual ao Pai, valendo-nos de nossas próprias forças, negligenciando a mediação de Sua própria Mãe?
Apoiemo-nos mais uma vez na orientação da nossa Santa Igreja:
Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece (Lumen Gentium, art. 60).
Nesse sentido, Montfort nos mostra a beleza dessa sublime e perfeita comunhão entre a Mãe de Deus e Seu Divino Filho:
Ela não é o Sol, que pela vivacidade dos seus raios poderia cegar-nos por causa da nossa fraqueza. Ela é bela e doce como a Lua, que recebe a luz do Sol e abranda a fim de adaptá-la a nossa pequenez. É tão caridosa que não repele nenhum dos que pedem a sua intercessão, por mais pecador que seja (TVD, art. 85).
De fato, é preciso dizer que todos os méritos e privilégios recebidos por Maria Santíssima dão-se em função de sua diviníssima e incomparável missão, ser a Mãe de Deus. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça (Lumen Gentium, art. 61).
Sendo assim, a Virgem Mãe de Deus, cooperadora inseparável de Cristo em toda a história da Salvação, continua a Sua missão de nos resgatar mesmo após a Sua Gloriosa Assunção: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos” (Lumen Gentium, art. 62).
Portanto, se receamos ir diretamente a Jesus Cristo, nosso Deus, por causa da Sua grandeza infinita, ou da nossa miséria, ou ainda dos nossos pecados, imploremos ousadamente o auxílio e a intercessão de Maria, nossa Mãe, nos diz Montfort (Cf. TVD, art. 85). Saibamos que necessitamos subir três degraus, nos ensina São Bernardo e São Boaventura (apud TVD, art. 86): o primeiro que está mais perto de nós e mais conforme a nossa capacidade, é Maria Ss.; o segundo é Jesus Cristo, e o terceiro é Deus Pai. Dessa maneira, para ir até Jesus é preciso ir à Maria Santíssima.
Por fim, Montfort nos explica que a Mãe do Puro Amor é a nossa Medianeira de intercessão. Enquanto Jesus é o nosso Medianeiro de Redenção, pois é Ele que nos leva ao Eterno Pai. Esse entendimento nos leva então a compreensão da Consagração a Jesus por Maria Ss., onde apontamos a Virgem Mãe de Deus como o caminho mais fácil, curto, perfeito e seguro de chegar até Jesus, Nosso único Senhor e Salvador.
Confiemos, portanto na infalível mediação da Virgem Santíssima, certos de que nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido a Ela, com confiança e perseverança, tenha sido desamparado! CONSAGRA-TE e terás mil vezes mais o auxílio, a fortaleza, a paz e a segurança Daquela que é a nossa grande Mãe e advogada!
Referências
IGREJA CATÓLICA. Lumen Gentium: Constituição Dogmática do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre a Igreja. 22. Ed. Brasileira. São Paulo: Paulinas, 2010.
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem. Anápolis: Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2002.
Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.
Para citar esse artigo:
Maria Cristina Pereira de Paiva - "Maria Santíssima nossa Medianeira de intercessão junto à Jesus Cristo"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://consagracaomontfortina.blogspot.com/2011/03/maria-santissima-nossa-medianeira-de.html
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://consagracaomontfortina.blogspot.com/2011/03/maria-santissima-nossa-medianeira-de.html
Online, 26/03/2011 às 10:30h
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