quarta-feira, 2 de março de 2011

Pertencemos a Jesus e a Maria Santíssima na qualidade de escravos


         Iniciamos a nossa reflexão sobre esse tema, a partir de um questionamento que devemos fazer a nós mesmos: A quem estamos servindo? A Nosso Senhor Jesus Cristo? Ou ao príncipe deste mundo, Satanás?
           No mundo de hoje, o que se tem é um afastamento cada vez maior dos princípios e valores cristãos tendo como argumento a busca da verdadeira liberdade. Desse modo, falar de escravidão, na realidade atual é algo mais do que ultrapassado, é antes de tudo, uma visita indesejável a um passado de sofrimento e rejeição de um povo, denominado escravo.
           De fato, o período histórico que mencionamos não nos traz lembranças boas, ao contrário, nos mostra a total falta de caridade que o homem pode ter por aquele que lhe é semelhante.  Mas, se sentimos horror ao pensar nos maus-tratos recebidos pelos negros, por que não nos preocupa a escravidão da alma, causada por Satanás, princípio e autor do pecado?  
 É por meio do Sacramento do Batismo que nos tornamos participantes da redenção de Cristo e recebemos os merecimentos do Sacrifício de Jesus, que morreu na Cruz para nos salvar dos nossos pecados. Assim, é por meio desse Sacramento que nos tornamos Filhos de Deus, autênticos cristãos, selados pelo Espírito Divino, que infunde em nossas almas dons especiais que nos ajudam a permanecer na vida em Cristo Jesus (Cf. CIC 1212). É o Santo Batismo que nos liberta da escravidão do Demônio e nos faz escravos do Senhor.   
Nesse contexto, São Luís Maria G. de Montfort nos ensina que pertencemos a Jesus Cristo na qualidade de escravos, propriamente por sermos criaturas de Deus, e ainda por renovarmos a nossa pertença a Ele por meio da Consagração. Essa prática, por sua vez, consiste no uso pleno de nossa liberdade humana, onde por livre vontade renovamos as promessas do Santo Batismo, ratificando a nossa pertença a Deus e a renúncia a Satanás, ao pecado.
Para que esse entendimento seja assimilado da melhor forma, Montfort, esse grande apóstolo da Virgem Maria e da Cruz, nos explica que há três espécies de escravidão: uma natural, outra forçada e outra voluntária:

Todas as criaturas são escravas de Deus da primeira forma: “Ao Senhor pertence a Terra e tudo o que nela está contido” (Sl 23,1). Os demônios e os réprobos pertencem à segunda categoria, os justos e os santos à terceira. A escravidão voluntária é a mais perfeita e mais gloriosa para Deus, que olha ao coração, que pede o coração, que se chama o Deus dos corações (I Sm 16,7; Sl 72,26; Pr 23,26), ou da vontade amorosa  (Cf. TVD, art. 70).

           Até os demônios são escravos do Senhor Deus, mesmo que forçadamente. Todos nós somos naturalmente escravos, mas podemos honrar e alegrar ainda mais o Coração de Deus, ao servi-lO não só por nossa obrigação, por assim dizer, mas também e principalmente por amor.  Além dessas três categorias, cabe ainda ressaltar o significado que tem a escravidão no contexto da metodologia utilizada por Montfort. Segundo ele, se faz necessário destacar a diferença entre servo e escravo, essas seriam as duas maneiras de pertencer à outra pessoa e depender de sua autoridade.
         Na primeira maneira, a servidão, comum entre os cristãos, um homem compromete-se a servir outro durante certo tempo, mediante determinada paga ou recompensa. Na segunda maneira, a escravidão, um homem depende inteiramente de outro, por toda a vida, e deve servir o seu senhor sem pretender paga nem recompensa alguma (Cf. TVD, art. 69). Partindo desse entendimento, é que Montfort afirma:

“Nada há entre os homens, que mais nos faça pertencer a outrem que a escravidão. Do mesmo modo nada há entre os cristãos que nos faça pertencer mais absolutamente a Jesus Cristo e à Sua Santa Mãe do que a escravidão voluntária” (TVD, art. 72).

        Chegamos aqui, no ponto principal de nossa reflexão, a escravidão de amor a Jesus por Maria Santíssima como a mais perfeita forma de glorificar e servir a Deus. Todavia, se faz necessário compreender que se Jesus Cristo é o Rei e Senhor, a Virgem Santíssima, Sua Mãe, é Nossa Rainha e também Nossa Senhora. O desejo de pertencer a Virgem Maria para assim poder servir a Jesus é, portanto uma via de santidade perfeita, tendo em vista que o primeiro escravo de amor da Santíssima Virgem foi o próprio Cristo, que se fez prisioneiro em Seu ventre santo (Cf. Fl 2, 6-7).
          Essa compreensão é um tanto lógica, uma vez que Jesus e a Virgem Santíssima estão sempre unidos, e não em partidos distintos. O que nos leva a afirmar que aquele que se diz escravo ou servidor de Cristo, é também, mesmo a contragosto, escravo da Virgem Maria. Ou, seria correto pensar, que Jesus, Nosso Rei e Salvador, hesitaria em fazer a Sua Mãe participante de Seu Reino de amor? Claro que não, pois se nós, que somos filhos ingratos, prezamos por nossa mãe, e as temos como grande tesouro, quanto mais Jesus, o mais perfeito Filho!
            Podemos dizer com Montfort: “Tudo o que convém a Deus por natureza, convém a Maria por graça...”. Segundo esse ensinamento, Jesus e a Virgem Maria têm os mesmos súditos, servos e escravos, visto que os dois não têm senão uma só vontade e um só poder (TVD, art. 74). Isso porque, Jesus Cristo escolheu a Santíssima Virgem por companheira indissolúvel, cumulando-A de graças, direitos e privilégios que Ele possui por natureza. Assim, o poder que tem a Virgem Santa sobre nós é concedido pelo próprio Cristo e Senhor, por reconhecimento dos méritos e virtudes de Sua Mãe Santíssima e também pelo imenso e incalculável amor que tem por Ela. 
          Por último, é importante saber que o ofício da Rainha dos Céus, Maria Santíssima, não é outro senão levar os Seus escravos amorosos até Seu Divino Filho, pois é Ele o fim último da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora. Por esse motivo é que São Luis Maria G. de Montfort diz: “Se não querem que alguém se diga escravo da Santíssima Virgem, que importa? Que se faça e se diga escravo de Jesus Cristo” É o mesmo que sê-lo da Santíssima Virgem, visto que Jesus é o fruto e a glória de Maria (Cf. TVD, art. 77).

Seja você também um escravo de amor de Jesus Por Maria Santíssima!
CONSAGRA-TE!


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Referências:

IGREJA CATÓLICA. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2002.


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Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.


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